Copiado fe http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/05/neurociencias-as-novas-rotas-da.html

Neurociências: as novas rotas da educação


 Fgª. Lana Bianchi e Fgª. Vera Mietto 
Imagem:  http://teens.drugabuse.gov/blog/tag/neuroscience/
Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada aos processos de aprendizagem é sem dúvida, uma revolução para o meio educacional. A Neurociência da aprendizagem é o estudo de como o cérebro trabalha com as memórias, como elas se consolidam, como se dá o acesso ás informações e como elas são armazenadas.
Quando falamos e pensamos em Educação e Aprendizagem, falamos em processos neurais, redes que estabelecem conexões e que realizam sinapses.
Mas como entendemos Aprendizagem?
Aprendizagem nada mais é do que esse maravilhoso e complexo processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, e ativa suas sinapses (ligações entre os neurônios por onde passam os estímulos), tornando-as mais “intensas” e velozes. A cada estímulo, cada repetição eficaz de comportamento, torna-se consolidado, pelas memórias de curto e longo prazo, as informações, que guardadas em regiões apropriadas, serão resgatadas para novos aprendizados.
A Neurociência vem-nos descortinar o que antes conhecíamos sobre o cérebro, e sua relação com o Aprender. O cérebro, esse órgão fantástico e misterioso, é matricial nesse processo. Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias tem cada um sua função e importância no trabalho conjunto, onde cada área necessita e interage com o desempenho do hipocampo na consolidação de nossas memórias, com o fluxo do sistema límbico (responsável por nossas emoções) possibilitando desvendar os mistérios que envolvem a região pré-frontal, sede da cognição, linguagem e escrita ecompreender as vias e rotas que norteiam a leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual mais específica (parietal) que reconhece as formas visuais das letras e depois acessa outras áreas para a codificação e decodificação dos sons para serem efetivadas.
Imagem:  http://www.psiquiatriainfantil.com.br/biblioteca_de_pais_ver.asp?codigo=58
 Faz-se mister entender os mecanismos atencionais e comportamentais de nossas crianças padrão das crianças TDAH e estudar suas funções executivas e sistema de comando inibitório do lobo pré-frontal, hoje muito relevante na educação.
Compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual mais específica (parietal) que reconhecem as formas visuais das letras e depois acessa outras áreas para a codificação e decodificação dos sons para serem efetivadas.
Penetrar nos mistérios da região temporal relacionado à percepção e identificação dos sons onde os reconhece por completo (área temporal verbal) possibilitando a produção dos sons para que possamos fonar as letras. Não esquecer a região occipital, que abriga como uma de suas funções o coordenar e reconhecer os objetos, assim como o reconhecimento da palavra escrita.
Assim, cada órgão se conecta e interliga-se no processo, onde cada estrutura com seus neurônios específicos e especializados desempenham um papel na base do Aprender.
Estudos na área neurocientífica centrados no manejo do aluno em sala de aula nos esclarece que o processo aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas funcionam de forma inter relacionada (conectada). Assim podemos entender como é valioso aliar a música, os jogos, e movimentos em atividades escolares e ter a possibilidade de trabalhar simultaneamente mais de um sistema: auditivo, visual e até mesmo o sistema tátil com atividades lúdicas, esportivas, e todos os movimentos surgindo de dentro para fora (psico-motricidade), desempenho este que leva-nos ao Aprender
Podemos então eferir, desta forma, que o uso de estratégias adequadas em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará conseqüentemente alterações na quantidade e qualidade destas conexões sinápticas melhorando assim o funcionamento cerebral, de forma positiva e permanente, com resultados satisfatórios e eficazes.
Os games (adorados por crianças e adolescentes) ainda em discussão no âmbito acadêmico são fantásticos na forma de manter os alunos “plugados” e podem ser mais uma ferramenta mediadora que possibilita estimular o raciocínio lógico, atenção, concentração, conceitos matemáticos através de atividades como: cruzadinhas, caça-palavras e jogos interativos que desenvolvem a ortografia, de forma desafiadora e prazerosa para alunos.
O grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que “facilite” esse disparo neural, este gatilho, a sinapse e o funcionamento desses sistemas, sem que necessariamente o professor tenha que saber como lidar individualmente com cada aluno. Quando ciente da modalidade de aprendizagem do aluno, (e isso não está longe de ser inserida na grade de formação de nossos educadores) o professor saberá quais e melhores estratégias utilizar e certamente fará uso desse meio facilitador no processo Ensino – Aprendizagem.
Outra descoberta é que através de atividades prazerosas e desafiadoras o “disparo” entre as células neurais acontece mais facilmente: as sinapses fortalecem-se e as redes neurais são estabelecidas com mais rapidez (velocidade sináptica).
Sinapse
Rede neural
                                                                                           
                                                 



comunicação entre neurônios

Mas como desencadear isso em sala de aula? Como o professor pode ajudar nesse “fortalecimento neural”?
Todo ensino desafiador ministrado de forma lúdica tem esse efeito: aulas dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e concreto, onde o aluno não é um mero observador de o seu próprio saber o deixam “literalmente ligado”, plugado, antenado.
Imagem:  http://neurosci.umin.jp/e/sensory_motor_neuroscience.html
O conteúdo antes desestimulador e cansativo para o aluno é substituído por um professor com nova roupagem que propicia novas descobertas, novos saberes; é dinâmico e flexível, plugado em uma área informatizada, aonde a cada momento novas informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e aluno interagem ativamente, criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer esse saber, construindo juntos a aprendizagem com todas as rotas: auditivas, visuais, táteis e neste universo cheio de informações, faz-se a nova Educação e um novo modelo de Aprender.
Uma aula enriquecida com esses pré-requisitos é envolvente e dinâmica: é o saber se utilizar de possibilidades onde conhecimento Neurocientífico e Educação caminham lado a lado.
Mas como isso é possível? O que fazer em sala de aula?
A seguir algumas sugestões adotadas:
(1) Estabelecer regras para que haja um convívio harmonioso de todos em sala de aula, onde alunos sejam responsáveis pela organização, limpeza e utilização dos materiais. Ao opinar e criar regras e normas adotadas, eles se sentirão responsáveis pela sala e espaço escolar.
(2) Utilizar materiais diversificados que explorem todos os sentidos. Visual: mural, cartazes coloridos, filmes, livros educativos; Tátil: material concreto e objeto de sucata planejado. Há uma riqueza de sites na internet que nos disponibilizam atividades produtivas e prazerosas. A criatividade aflora e a aula torna-se muito divertida; Auditivo: música e bandinhas feitas com material de sucata, sempre com o conteúdo pedagógico inserida nelas. A criação de músicas e paródias sobre conteúdos é uma forma muito divertida de aprender. Talentos apareceram em salas de aula. E quem não gosta de cantar? Aulas com dinâmica treinam as memórias de curto prazo e a auditiva (elas são trabalhadas em áreas hipocampais) e assim retidas em memória de longo prazo, efetivando o Aprendizado!
3) O cantinho da “leitura” é um pedaço de criar idéias, deixar o “Novo” entrar na mente, através dos signos e símbolos. (Significados e significante)
4) Estabelecer rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla, em grupos (rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos e organização). Crianças com TDAH, que apresentam mal funcionamento das funções executivas se beneficiam com rotinas e regras pré estabelecidas. O trabalho em equipe é relevante, ativa as regiões límbicas (responsáveis pelas emoções) e como sabemos o aprender está ligado à emoção, e a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais efetiva. (hipocampo)
(5) Trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos alunos “mais lentos” oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas possibilidades neurais. Dê aos mais rápidos atividades que reforcem ainda mais esse conteúdo, mantendo-os atentos e concentrados para que os alunos com processos mais lentos não sejam prejudicados com conversas e agitação do outro grupo de crianças.
A flexibilidade em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica e melhor percebida por toda a classe. O professor que administra bem os conflitos em sala de aula possui “jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com prazer, mantendo seus alunos “plugados”, com interesse em aprender mais, movidos pela novidade: o prazer faz uma internalização de conceitos de maneira lúdica e eficaz.
Desta forma, somos sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e consolidam o conhecimento, da magia onde cada estrutura cerebral interliga-se para que todos os canais sejam ativados. Como numa orquestra afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, de posse desses conhecimentos e descobertas, será como reger uma orquestra onde o maestro saberá o quão precisamente estão afinados seus instrumentos e como poderá tirar deles melodias harmoniosas e perfeitas!
A Neurociência veio para ser grande aliada do professor na atualidade, em identificar o individuo como ser único, pensante, atuante, que aprende de uma maneira pessoal, única e especial. Desvendar os segredos que envolvem o cérebro no momento do Aprender, facilita nosso professor.
Surge um novo professor (neuroeducador), a buscar conhecimento sobre como se processam a linguagem, memória, esquecimento, humor, sono, medo, como interagimos com esse conhecimento e conscientemente envolvido na aprendizagem formal acadêmica. Em posse desses novos conhecimentos é imprescindível desenvolver uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que capacite novos professores, para formar novos alunos às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente.
Conceitos como neurônios, sinapses, sistemas atencionais, (que viabilizam o gerenciamento da aprendizagem), mecanismos mnemônicos (consolidação das memórias), neurônios espelho (que possibilitam na espécie humana progressos na comunicação e compreensão no aprendizado), plasticidade cerebral (ou seja, o domínio de como o cérebro continua a desenvolver-se e a sofrer mudanças) serão discutidos por neurocientístas, neuropedagogos e família. A sala de aula será palco da ciência e neurociência, onde o educador domina os processos do cérebro para Aprender, e assim possibilita criar novas estratégias para Ensinar.
Através desta neurociência, os transtornos comportamentais e de aprendizagem passam a ser vistos e compreendidos com clareza pelos educadores, que aliados a esta novidade educacional encontram subsídios para a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor qualificado e capacitado, com método de ensino adequado e uma família facilitadora dessa aprendizagem são fatores para que todo o conhecimento que a neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as características do cérebro de nosso aluno e do professor. Esta nova aliada habilita o educador a ampliar suas atividades educacionais, abrindo uma nova rota no campo do aprendizado e da transmissão do saber, cria novas faces do Aprender, consolida o papel do educador, como um mediador e o aluno como participante ativo do pensar e aprender.
Bibliografia
ASSMANN, H. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes, 2001.
CAPOVILLA, F. C. (2002). Neuropsicologia e Aprendizagem: Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo, SP: SBNp, Scortecci.
CAPOVILLA, A. G. S., & CAPOVILLA, F.C. (2000). Problemas de leitura e escrita: como identificar, prevenir e remediar numa abordagem fônica. São Paulo, SP: Memnon-Fapesp.
CAPOVILLA, F. C. (2002). Neuropsicologia e Aprendizagem: Uma abordagem multidisciplinar. São Paulo, SP: SBNp, Scortecci.
CAPOVILLA, F. C., & CAPOVILLA, A. G. S. (2001). Compreendendo a natureza dos problemas de aquisição de leitura e escrita: Mapeando o envolvimento de distúrbios cognitivos de discriminação fonológica, velocidade de processamento e memória fonológica. Cadernos de Psicopedagogia, 1(1), 14-37.
CAPOVILLA, F. C., & CAPOVILLA, A. G. S. (no prelo). Avaliação de cognição e linguagem da criança.
FONSECA, Vítor (2004). Dificuldades de Aprendizagem, Abordagem Neuropsicológica e Psicopedagógica ao Insucesso Escolar. Editora Âncora. Lisboa
FONSECA, V. da. Aprender a Aprender: a educabilidade cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.
FRASSON, M.A. – Programa de Prevenção e Identificação Precoce dos Distúrbios da Audição. In SCHOCHAT, E. – In: In: SCHOCHAT, E. (org.) - In: Processamento Auditivo - Série Atualidades em Fonoaudiologia, Vol II. São Paulo, LOVISE, 1996. p. 65-105.
KANDEL,E.R. Princípio da Neurociência. Ed.Manoele.2002.
LENT, Roberto.Cem bilhões de neurônios. São Paulo: Ed Atheneu-2006
LURIA, A. R. (1974). EL CEREBRO EN ACCÍON. (P.127-140). Barcelona: Fontanella. Marcilio, L. F. (no prelo) Relações entre Processamento Auditivo, Consciência Fonológica, Vocabulário, Leitura e Escrita.
MIETTO ,Vera e BIANCHI, Lana. http://www.projetogatodebotas.org.br/-artigo: “Dislexia: Como Suspeitar e Identificar Precocemente o Transtorno na Escola”,2010 acesso em 03-01-2010
PANTANO, Telma e Zorzi, Jaime Luiz. Neurociência Aplicada á aprendizagem. São José dos Campos: Pulso,2009.
PEREIRA, L. D., NAVAS, A. L. G. P., & SANTOS, M. T. M. (2002). Processamento auditivo: uma abordagem de associação entre a audição e a linguagem. Em M. T. M. Santos, & A. L. G. P. Navas (Ed.), Distúrbios de Leitura e Escrita: teoria e prática. São Paulo, SP: Ed. Manole.
PEREIRA, L.D. - Processamento Auditivo Central: Abordagem Passo a Passo. In: PEREIRA,L.D., SCHOCHAT, E. - In: Processamento Auditivo Central - manual de avaliação, São Paulo, LOVISE, 1997. p. 49-59.
ROTTA, Newra Tellecha…[et al.] Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed,2006
ZORZI,J.L. – Aprendizagem e Distúrbios da Linguagem escrita – questões clínicas e educacionais. Porto Alegre, Artmed, 2003
Revista Cérebro & Mente – O livro do cérebro – no 1 e 2 – São Paulo-SP: Dueto, 2009
 http://pt.photaki.com/picture-ativa-as-celulas-nervosas-sinapses-sinapse-sinapses-as-sinapses_150205.htm
Vera Lucia de Siqueira Mietto, Fonoaudióloga, Psicopedagoga, Neuropedagoga, atuação em fonoaudiologia e neurociências em crianças e adolescentes com Distúrbios da Aprendizagem- CFfa 3026-1979-UESA - Rio de Janeiro- RJ e Tutora EAD do www.chafic.com.br e docente da UNICEAD na pós graduação de Monte Claros-MG.
Lana Cristina de Paula Bianchi, Fonoaudióloga, Pedagoga, Psicopedagoga, Atuação em Neurociências em Crianças e Adultos na FAMERP- FUNFARME- São Jose Rio Preto- SP- Especialista em linguagem no Projeto Gato de Botas- Distúrbios de Aprendizagem; www.projetogatodebotas.org.br; CRFª: 2907- 1982- PUCC- Campinas-SP- Profª na Disciplina de Psicologia-UNILAGO- São Jose Rio Preto-SP- Linguagem e Cognição- 2010- Orientadora em monografias no curso de pós-graduação de Psicopedagogia- Famerp- 2010- Campo de pesquisa: Linguagem infantil e adulto-
Rua Orsini Dias Aguiar nº410-Jardim Alvorada- São José do Rio Preto SP - 
Tel:             17-32357001     

Rua Dr Waldir Cabral nº 22 apto 1503- Vital Brasil –Niterói RJ 
Tel:             21-27196529     

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Teatro "A Caixa de Brinquedos" ( 2006)

Professor - Ser ou não ser? Eis a questão!

EDUCAÇÃO a.c. (antes do coronavírus) EDUCAÇÃO d.c. (depois do coronavírus)