Professor - Ser ou não ser? Eis a questão!

Professor - Ser ou não ser? Eis a questão!

  copiado do blog http://gabegabigabriela.blogspot.com.br/Gabriela de Amorim
Eu sempre ouvi esta frase dos meus professores "Se você for professor, vai descobrir que a educação não é uma área fácil". Os professores têm a capacidade de fazer uma enorme diferença na vida de seus alunos, mas podem fazê-lo de uma forma boa ou de forma ruim. Eles podem incutir motivação, paixão e interesse ou simplesmente desmotivá-los. Todo mundo espera que seu professor seja exatamente o que seu filho precisa: uma pessoa divertida, com dons artísticos, que goste de ensinar, cantar e dançando. Para fazer dos dias escolares, dias de diversão e aprendizagem. Assim, espera-se que as crianças se levantem de manhã e possam ir para a escola felizes, de olhos brilhantes e animadas. Mas ocorre que muitas vezes é esquecido o fato da diversidade. As pessoas esquecem que o professor lida com as diferenças, entre as crianças, entre as famílias e até mesmo entre os demais profissionais que dividem espaço com este professor.
Esse ano, posso afirmar que tive ótimas aprendizagens com as famílias que possibilitaram parcerias. Nada de grandioso que tomasse muito o tempo desses familiares ou o meu tempo. Os pais (aqui incluo as tias e os avós também) que perguntaram para suas crianças o que elas gostaram de fazer e posteriormente me informavam de forma sutil, informal ou mesmo como quem passa um recado, possibilitaram que tais experiências envolvidas com o gosto das crianças pudessem ser valorizadas e ampliadas. Foi assim que valorizamos como professores as histórias infantis, as hipóteses sobre a natureza e a exploração de materiais diversificados (algodão, tecido, purpurina, lixa, palitos, etc...).
Tenho consciência que o nosso país passa por um momento em que tentam desencorajar os professores de trabalhar em escolas com alunos mais carentes, mas mesmo assim, assumi neste ano a missão de conseguir contemplar duas distintas realidades: do ensino público e do ensino privado. É evidente (pelo menos para mim) que ambos os casos existe por vezes um desgaste dos professores e esse pode estar associado a inúmeras causas. Os esforços causados pela responsabilização contempla as duas esferas (pública e privada) e aí a vantagem de preservar a qualidade. Aqui gostaria de citar também que as "melhores escolas" são instituições onde há colaboração, onde os professores trabalham em sala de aula indo além das fronteiras de seu grupo, pois primam por um objetivo comum, de educar todas as crianças ao seu potencial máximo. A escola será mais eficaz se os seus professores são informados sobre todos os alunos, pois assim poderá coordenar os esforços para atender às necessidades destes. Por isso, a necessidade de receber um suporte da direção/supervisão/coordenação para que seu projeto de trabalho possa ser efetivado.
Muitas pessoas que não são da área da educação valorizam os professores por saber que se trata de uma profissão sem grandes recompensas financeiras. Outros esperam que os professores sejam super-heróis, dominem todos os assuntos, sejam impecáveis (até na aparência diária e no uso das palavras) e assim a cada dia aumentam suas frustrações pois não conseguem reconhecer nos professores pessoas que têm uma vida social, que têm histórias de vidas diferentes e por isso posturas diferentes. O que fica desta ideia é que esta profissão necessita de incentivos! Os professores querem sim um aumento no seu salário (todo ser humano busca uma condição digna de vida) e muitos (como eu) acreditam que a perspectiva de maior remuneração também irá atrair professores mais eficazes para a profissão. Pois parte-se do pressuposto que os professores mais qualificados tendem a apresentar um compromisso com o ensino de qualidade para o sucesso dos sujeitos com quem estamos trabalhando diariamente.
Porque a educação é um processo complexo e acumulativo é impossível distinguir totalmente as influências de professores, bem como as condições da escola sobre a sua aprendizagem e muito menos as suas experiências fora da aprendizagem escolar, em casa, com os colegas, os livros, a televisão, a internet, a comunidade e etc. Neste sentido cabe afirmar com convicção que nenhum professor é o único responsável por toda a realização de um aluno. Cabe lembrar também que alguns alunos recebem ajuda dos pais/responsáveis em casa, outros pais vão apenas pressionar seus filhos para estudar e terminarem os deveres/lição de casa, outras crianças não receberão estímulo algum. Todas essas variáveis externas refletem diretamente dentro das instituições educativas. É assim que um professor que trabalha em uma escola com bons recursos e com apoios especializados pode parecer ser mais eficaz do que outro professor cujos alunos não recebem estes apoios. Cada uma dessas diferenças de recursos pode ter um impacto sobre a eficácia aparente de um professor, assim como repercutir diretamente ou indiretamente no desejo de aprender de cada criança.
Pra concluir, sem finalizar, queria enfatizar que essas dicotomias tem permeado meus pensamentos, mas sobretudo acredito que deveriam contemplar objeto de reflexão de muitos outros professores, pais, crianças, alunos, políticos, etc. O reconhecimento do professor como uma profissão que requer prática complexa e precisão envolvendo julgamentos e perfeição, passa a ser mais um elemento de debate. O que é necessário agora é oferecer aos professores a orientação e feedback, liderança de apoio e condições de trabalho para melhorar seu desempenho, sem distorcer a qualidade e a importância dos professores.

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