Professor - Ser ou não ser? Eis a questão!
Professor - Ser ou não ser? Eis a questão!
Eu sempre ouvi esta frase dos meus professores "Se você for professor,
vai descobrir que a educação não é uma área fácil". Os professores têm a
capacidade de fazer uma enorme diferença na vida de seus alunos, mas
podem fazê-lo de uma forma boa ou de forma ruim. Eles podem incutir
motivação, paixão e interesse ou simplesmente desmotivá-los. Todo mundo
espera que seu professor seja exatamente o que seu filho precisa: uma
pessoa divertida, com dons artísticos, que goste de ensinar, cantar e
dançando. Para fazer dos dias escolares, dias de diversão e
aprendizagem. Assim, espera-se que as crianças se levantem de manhã e
possam ir para a escola felizes, de olhos brilhantes e animadas. Mas
ocorre que muitas vezes é esquecido o fato da diversidade. As pessoas
esquecem que o professor lida com as diferenças, entre as crianças,
entre as famílias e até mesmo entre os demais profissionais que dividem
espaço com este professor.
Esse ano, posso afirmar que tive ótimas aprendizagens com as famílias
que possibilitaram parcerias. Nada de grandioso que tomasse muito o
tempo desses familiares ou o meu tempo. Os pais (aqui incluo as tias e
os avós também) que perguntaram para suas crianças o que elas gostaram
de fazer e posteriormente me informavam de forma sutil, informal ou
mesmo como quem passa um recado, possibilitaram que tais experiências
envolvidas com o gosto das crianças pudessem ser valorizadas e
ampliadas. Foi assim que valorizamos como professores as histórias
infantis, as hipóteses sobre a natureza e a exploração de materiais
diversificados (algodão, tecido, purpurina, lixa, palitos, etc...).
Tenho consciência que o nosso país passa por um momento em que tentam
desencorajar os professores de trabalhar em escolas com alunos mais
carentes, mas mesmo assim, assumi neste ano a missão de conseguir
contemplar duas distintas realidades: do ensino público e do ensino
privado. É evidente (pelo menos para mim) que ambos os casos existe por
vezes um desgaste dos professores e esse pode estar associado a inúmeras
causas. Os esforços causados pela responsabilização contempla as duas
esferas (pública e privada) e aí a vantagem de preservar a qualidade.
Aqui gostaria de citar também que as "melhores escolas" são instituições
onde há colaboração, onde os professores trabalham em sala de aula indo
além das fronteiras de seu grupo, pois primam por um objetivo comum, de
educar todas as crianças ao seu potencial máximo. A escola será mais
eficaz se os seus professores são informados sobre todos os alunos, pois
assim poderá coordenar os esforços para atender às necessidades destes.
Por isso, a necessidade de receber um suporte da
direção/supervisão/coordenação para que seu projeto de trabalho possa
ser efetivado.
Muitas pessoas que não são da área da educação valorizam os professores
por saber que se trata de uma profissão sem grandes recompensas
financeiras. Outros esperam que os professores sejam super-heróis,
dominem todos os assuntos, sejam impecáveis (até na aparência diária e
no uso das palavras) e assim a cada dia aumentam suas frustrações pois
não conseguem reconhecer nos professores pessoas que têm uma vida
social, que têm histórias de vidas diferentes e por isso posturas
diferentes. O que fica desta ideia é que esta profissão necessita de
incentivos! Os professores querem sim um aumento no seu salário (todo
ser humano busca uma condição digna de vida) e muitos (como eu)
acreditam que a perspectiva de maior remuneração também irá atrair
professores mais eficazes para a profissão. Pois parte-se do pressuposto
que os professores mais qualificados tendem a apresentar um compromisso
com o ensino de qualidade para o sucesso dos sujeitos com quem estamos
trabalhando diariamente.
Porque a educação é um processo complexo e acumulativo é impossível
distinguir totalmente as influências de professores, bem como as
condições da escola sobre a sua aprendizagem e muito menos as suas
experiências fora da aprendizagem escolar, em casa, com os colegas, os
livros, a televisão, a internet, a comunidade e etc. Neste sentido cabe
afirmar com convicção que nenhum professor é o único responsável por
toda a realização de um aluno. Cabe lembrar também que alguns alunos
recebem ajuda dos pais/responsáveis em casa, outros pais vão apenas
pressionar seus filhos para estudar e terminarem os deveres/lição de
casa, outras crianças não receberão estímulo algum. Todas essas
variáveis externas refletem diretamente dentro das instituições
educativas. É assim que um professor que trabalha em uma escola com bons
recursos e com apoios especializados pode parecer ser mais eficaz do
que outro professor cujos alunos não recebem estes apoios. Cada uma
dessas diferenças de recursos pode ter um impacto sobre a eficácia
aparente de um professor, assim como repercutir diretamente ou
indiretamente no desejo de aprender de cada criança.
Pra concluir, sem finalizar, queria enfatizar que essas dicotomias tem
permeado meus pensamentos, mas sobretudo acredito que deveriam
contemplar objeto de reflexão de muitos outros professores, pais,
crianças, alunos, políticos, etc. O reconhecimento do professor como uma
profissão que requer prática complexa e precisão envolvendo julgamentos
e perfeição, passa a ser mais um elemento de debate. O que é necessário
agora é oferecer aos professores a orientação e feedback, liderança de
apoio e condições de trabalho para melhorar seu desempenho, sem
distorcer a qualidade e a importância dos professores.
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